A inovação é um dos pilares estratégicos para a competitividade, sustentabilidade e crescimento de qualquer organização. Nos últimos anos, a norma portuguesa NP 4457:2007 serviu como referência nacional para a gestão da investigação, desenvolvimento e inovação (IDI).Contudo, com o avanço da normalização internacional, surgiu a ISO 56001:2024, publicada em abril de 2024, como a nova norma global para sistemas de gestão da inovação. Esta mudança marca o início de uma nova fase — e implica uma necessária transição para todas as organizações atualmente certificadas pela NP 4457.
O que é a ISO 56001?
A ISO 56001 é uma norma internacional que define os requisitos para estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão da inovação (SGI). Baseia-se na mesma estrutura de alto nível (HLS) usada em outras normas ISO (como ISO 9001 ou ISO 14001), o que facilita a sua integração com outros sistemas de gestão já implementados. Esta norma visa apoiar organizações de todos os setores na criação de valor através de processos sistemáticos de inovação — sejam eles produtos, serviços, modelos de negócio ou processos internos.
Transição da NP 4457 para a ISO 56001
A NP 4457:2007 será descontinuada no contexto da adoção da nova norma ISO 56001. Em Portugal, o IPQ (Instituto Português da Qualidade) estabeleceu um período de transição oficial de dois anos, com o seguinte prazo – Data limite para a transição: 31 de maio de 2026. Isto significa que todas as organizações certificadas pela NP 4457 devem migrar para a ISO 56001 até essa data, sob pena de verem os seus certificados caducados. Durante este período, os organismos de certificação estarão autorizados a realizar auditorias de transição, ou, preferencialmente, auditorias de renovação já com base na nova norma.
O que muda com a ISO 56001?
Embora mantenha o foco nos mesmos princípios da NP 4457 (interação entre conhecimento, criatividade e inovação), a ISO 56001 introduz uma abordagem mais robusta e internacionalmente alinhada, com:
– Maior ênfase no contexto organizacional e partes interessadas
– Requisitos explícitos sobre governança da inovação
– Integração da gestão de risco e oportunidades
– Envolvimento ativo da liderança no processo de inovação
– Foco na mensuração do desempenho e melhoria contínua
Além disso, a ISO 56001 permite que as organizações demonstrem de forma transparente e auditável a maturidade e eficácia do seu sistema de inovação, o que pode ser uma vantagem competitiva real.
O que fazer para preparar a migração?
A migração da NP 4457 para a ISO 56001 deve ser encarada como uma oportunidade de evolução, e não apenas como uma exigência formal. Recomenda-se que as organizações:
– Realizem um diagnóstico de conformidade (gap analysis)
– Atualizem as suas políticas, objetivos e estrutura documental
– Promovam formação interna para as equipas envolvidas
– Revistem os processos de gestão de ideias, seleção de projetos e avaliação de resultados
– Agendem a auditoria de transição com a entidade certificadora
Este processo pode (e deve) ser aproveitado para repensar a estratégia de inovação e alinhá-la com os desafios atuais, como a sustentabilidade, digitalização e colaboração aberta.
A publicação da ISO 56001 representa um passo importante para a internacionalização da gestão da inovação. Para as organizações portuguesas certificadas pela NP 4457, esta transição não é apenas obrigatória — é também uma oportunidade para adotar práticas mais robustas, alinhadas com os desafios globais.
A data limite de 31 de maio de 2026 não deve ser vista como um prazo longínquo, mas como um ponto de chegada a ser planeado desde já.
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